“Imagine a moça entrando no consultório médico e dali saindo convertida em moço, sim, rapaz, com todos os atributos e penduricalhos da macheza. Agora imagine mais, a cena acontecendo quase um século atrás. Pois aconteceu mesmo, e numa conservadora Belo Horizonte que mal chegava aos vinte anos de existência.”
“Tem homem que não pode ver um rabo de saia? Pois aquele ali, em matéria de mulher, não pode ver um rabo de foguete.”
“Gosto de cemitérios. Não como residência, é claro, pelo menos não por um bom tempo ainda. Gosto. Acho até que vou acabar num deles. Se não me cremarem, naturalmente. Mas só depois de morto, por favor.”
“O que viu entrar no palco não foram noviças moderadamente rebeldes, como esperava, e sim um pelotão de moças espevitadas — e o mínimo que as criaturas fizeram foi levantar o hábito e sacudir as pernocas no mais profano cancã.”
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SOBRE O AUTOR Humberto Werneck nasceu em Belo Horizonte em 1945 e vive em São Paulo desde 1970. Como jornalista, começou no Suplemento Literário do Minas Gerais, sob o comando de Murilo Rubião, tendo trabalhado em seguida no Jornal da Tarde, Veja, Jornal da República, IstoÉ, Jornal do Brasil, Elle e Playboy, entre outras publicações. É cronista do jornal Brasil Econômico, escrevendo no caderno Outlook, que circula nos fins de semana. É autor de O santo sujo – A vida de Jayme Ovalle (Cosac Naify, 2008, prêmios APCA e Jabuti de Melhor Biografia), O desatino da rapaziada (Companhia das Letras, 1992); Chico Buarque –Tantas palavrasChico Buarque Letra e Música, 1989), Pequenos Fantasmas, contos (Noves Fora, 2005), e O Pai dos Burros – Dicionário de lugares-comuns e frases feitasBoa Companhia: Crônicas (Companhia das Letras, 2005) e Melhores Crônicas de Ivan Angelo (Global, 2007). (Companhia das Letras, 2006, edição revista e aumentada de (Arquipélago Editorial, 2009). Organizou e prefaciou as antologias Boa Companhia: Crônicas (Companhia das Letras, 2005) e Melhores Crônicas de Ivan Angelo (Global, 2007).